terça-feira, 21 de maio de 2013

Ritmo pertencente

"A melodia soou e eu comecei a dançar em passos lentos e acelerados querendo apenas estar ali, longe de tudo. Longe de pensamentos e emoções. Cansei o chão, desgastei os pés, fiz o corpo transpirar. Por momentos esqueci o coração e a razão a apenas me deixei levar com a canção.
Fiz de passos descoordenados conexões que ligassem a minha alma ao ritmo sentido, fazendo-me pertencer à beleza do que um dia foi meu. O corpo cansou e eu deitei-me no chão já ressoado fechando os olhos e deixando-me ir naquele desvaneio de sentidos. A música parou e o mundo desligou. Os olhos abriram, olhei o espelho e estava ali eu, novamente, sozinha, sem rumo, vivendo apenas na inevitável certeza que o verbo pertencer não podia mais ser conjugado no pretérito imperfeito."


Sara Bessa

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